segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Ausente



Amiga, infinitamente, amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus
Em algum lugar tuas mãos se crispam,
Teus seios se enchem de leite,
Tu desfaleces
E caminha como cega ao meu encontro.
Amiga, última doçura,
A tranqüilidade suavizou a minha pele e os meus cabelos.
Só meu ventre te espera, cheio de raizes, de sombras.
Vem, amiga!
Minha nudes é absoluta.
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem!
Meus músculos estão doces para o teu desejo.
É áspera a minha barba.
Vem mergulhar em mim como no mar.
Vem nadar em mim como no mar.
Vem te afogar em mim, amiga minha, em mim
Como no mar.
Vinícius de Morais
in Antologia Poética -1960
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Vinícius é meu poeta brasileiro favorito. Queria eu reescrever esta poesia a meu modo, trocando inclusive o título por "O ausente" e faria a ele o convite: "Vem mergulhar em mim, amigo meu, em mim como no mar!". Mas, por hora, não vou plagiar o poeta. E o convite vou guardar para um momento mais apropriado!

Um comentário:

A Respigadeira disse...

Está lindíssimo! Sim, Vinicius é um génio da poesia.

Beijinhos